As
narrativas históricas, até por questão de método, acostumaram-se - e nos acostumaram – com visões amplas, em
perspectiva, quase beirando a abstração científica. Para preencher o espaço
concreto da percepção é que surgiram as narrativas de ficção, sem maior compromisso
com a “verdade histórica”, pondo ênfase na “semelhança com a realidade”.
Mas é
possível se fazer ciência sobre o passado sem perder contato com a experiência
real, quase física, das pessoas que viveram nele. É o que podemos encontrar,
com detalhes, no livro “Estrada Rio Branco: o caminho da emancipação”, de Luiz
E. Brambatti, lançado, em 2ª edição, na
última Feira do Livro. Percorrendo suas
páginas, ilustradas com fotografias antigas e atuais, tem-se a impressão de se
estar andando entre pedras e barro, montanha acima, passando por Nova Palmira, por
uma estrada “de trinta palmos de largura [...] terminando no Campo dos
Bugres” (p.56). Ela ligou a colônia Caxias
com o mercado do Caí e de Porto Alegre, além de estreitar uma relação de trocas
comerciais e culturais com os Campos de Cima da Serra.
De um Motter,
antigo morador da beira dessa estrada, ouvi que “Nova Palmira era uma vila que tinha tudo,
até cadeia”. Quando menino, seu pai enchia a carreta de produtos para vender em
Caxias. Subiam a “estrada da Terceira Légua”, que é a mesma Rio Branco, com um
detalhe: tinham que sair no começo da noite para chegar em Caxias de manhã. O
livro de Brambatti resgata toda essa trajetória, num convite para ser visitada.
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