terça-feira, 20 de outubro de 2015

NO DETALHE

As narrativas históricas, até por questão de método, acostumaram-se  - e nos acostumaram – com visões amplas, em perspectiva, quase beirando a abstração científica. Para preencher o espaço concreto da percepção é que surgiram as narrativas de ficção, sem maior compromisso com a “verdade histórica”, pondo ênfase na “semelhança com a realidade”.
Mas é possível se fazer ciência sobre o passado sem perder contato com a experiência real, quase física, das pessoas que viveram nele. É o que podemos encontrar, com detalhes, no livro “Estrada Rio Branco: o caminho da emancipação”, de Luiz E. Brambatti, lançado, em 2ª edição,  na última Feira do Livro.  Percorrendo suas páginas, ilustradas com fotografias antigas e atuais, tem-se a impressão de se estar andando entre pedras e barro, montanha acima, passando por Nova Palmira, por uma estrada “de trinta palmos de largura [...] terminando no Campo dos Bugres”  (p.56). Ela ligou a colônia Caxias com o mercado do Caí e de Porto Alegre, além de estreitar uma relação de trocas comerciais e culturais com os Campos de Cima da Serra.
De um Motter, antigo morador da beira dessa estrada, ouvi  que “Nova Palmira era uma vila que tinha tudo, até cadeia”. Quando menino, seu pai enchia a carreta de produtos para vender em Caxias. Subiam a “estrada da Terceira Légua”, que é a mesma Rio Branco, com um detalhe: tinham que sair no começo da noite para chegar em Caxias de manhã. O livro de Brambatti resgata toda essa trajetória, num convite para ser visitada.

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