Depois de os
ianques bombardearem um hospital no Afeganistão – atendido pela organização
humanitária Médicos sem Fronteiras, deixando mortos enfermeiros e pacientes,
entre eles três ou quatro crianças – o porta-voz do exército americano declarou
que se tratava apenas de um caso de “danos colaterais”.
“Danos
colaterais” é o que mais tem marcado as invasões justiceiras dos Estados
Unidos. Outro dia circulou pelas agências de notícias, em tom de escândalo, que
o Estado Islâmico “já” matou mais de três mil pessoas. E quantos civis os
Estados Unidos mataram só na invasão do Iraque, baseada num pretexto sem
fundamento? Quase cem mil. E não me lembro de que esse número tenha sido martelado
na mídia.
Cada
monumento antigo demolido pelos islamitas ganha destaque. Um destaque nunca
feito quando os aviões americanos destruíram quase todo o imenso patrimônio
cultural de Bagdá. Isso também foram “apenas danos colaterais”, justificáveis
pela missão dos que se investem em salvadores do mundo.
Esse meu
sentimento de repúdio não é de hoje. Revendo as gavetas, encontrei um poema que
escrevi em 1963, nunca publicado, quando os americanos diziam nos ajudar com a
“Aliança para o Progresso”. O poema começa assim:
Eu vou falar a verdade / do americano
do norte. /Que ninguém ache meu verso / pesado ou muito forte. // Eles são
muito sabidos / para fazer tapeação / se fingem de inocentes / e devoram sem
perdão.
Metade de um século depois, minha
opinião continua exatamente a mesma.
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