Contam que é
assim, eu não sei se é.
Uma vez o padroeiro desta terra aqui
do pampa era São Miguel. Mandava na chuva, no vento, na geada. Na neve, se
fosse o caso. Foi no tempo em que os castelhanos eram donos, mandavam e
desmandavam na indiada toda. Ainda está lá, para quem quiser ver, o que sobrou
da igreja de São Miguel das Missões, uma senhora igreja.
Acontece que um tempo depois
chegaram os portugueses pelo lado do mar e botaram São Pedro de padroeiro, o São
Pedro do Rio Grande. E foram avançando, e avançando, até tomar a terra toda dos
castelhanos. E deram, a essa terra toda, o nome de Continente do Rio Grande de
São Pedro. Depois, muito depois, é que mudou para Rio Grande do Sul.
São Pedro, todo mundo sabe, é o dono
das chaves do céu. Nuvens, vento, chuva, é tudo controlado por ele. O pobre do
São Miguel ficou sem o pedaço de mando dele no céu, igual aos castelhanos que
perderam o mando na terra. Aí, numa boa, São Pedro autorizou São Miguel a
mandar uma chuva por ano, que era para ser a chuva de São Miguel.
Então, contam, São Miguel aproveita
para tirar o atraso. Manda chuvaradas e chuvaradas, quase sempre aí pelo fim de
setembro, perto do dia dele, que é o dia 29. Por isso é que elas ficaram
conhecidas por esse nome de enchente de São Miguel.
De uns tempos para cá, a data não é
muito respeitada, mas a enchente de São Miguel acontece sempre: seis meses
antes ou seis meses depois, mas acontece.
Contam que é assim, eu não sei se é.
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