Começo
relatando um fato não muito divulgado. Meu último trabalho de pesquisa na
Universidade, antes de ser jubilado, foi ter elaborado e coordenado o projeto
para encaminhar o registro do Talian como língua de imigração, um projeto
piloto no Brasil, patrocinado pelo Ministério da Cultura. Como não sou
linguista, criei uma equipe técnica de especialistas para realizar o trabalho.
O êxito do
trabalho foi total: em novembro de 2014, o Instituto Nacional do Patrimônio
Histórico e Artístico – IPHAN – acolheu o pedido e o Talian foi reconhecido
oficialmente como integrante do patrimônio linguístico brasileiro, na categoria
das línguas de imigração. A primeira a chegar ao pódio! Uma vitória tanto mais emocionante
quanto mais se sabe a restrição que essa língua teve no passado, levando-a à
beira da extinção.
Agora
confesso que me assalta outro temor: o de o Talian ser considerado por pesquisadores
linguísticos como uma peça arqueológica, que deve ser guardada, bem limpinha e
atrás de um vidro inquebrável para ninguém tocar, dentro de um museu.
E a ideia
não é essa. A ideia, ao tornar o Talian patrimônio nacional, é pô-lo de volta
nas ruas, nas casas, nos meios de comunicação. É claro que um pouco de pó e de
barro ele vai pegar. Mas isso acontece com todas as línguas vivas. Portanto,
quanto mais pessoas tiverem interesse, mesmo comercial, em promover e divulgar
o Talian, melhor. Elas estarão contribuindo para manter viva essa língua, agora
patrimônio de todos, não só dos laboratórios.
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