segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O TALIAN NO MUSEU?

Começo relatando um fato não muito divulgado. Meu último trabalho de pesquisa na Universidade, antes de ser jubilado, foi ter elaborado e coordenado o projeto para encaminhar o registro do Talian como língua de imigração, um projeto piloto no Brasil, patrocinado pelo Ministério da Cultura. Como não sou linguista, criei uma equipe técnica de especialistas para realizar o trabalho.
O êxito do trabalho foi total: em novembro de 2014, o Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico – IPHAN – acolheu o pedido e o Talian foi reconhecido oficialmente como integrante do patrimônio linguístico brasileiro, na categoria das línguas de imigração. A primeira a chegar ao pódio! Uma vitória tanto mais emocionante quanto mais se sabe a restrição que essa língua teve no passado, levando-a à beira da extinção.
Agora confesso que me assalta outro temor: o de o Talian ser considerado por pesquisadores linguísticos como uma peça arqueológica, que deve ser guardada, bem limpinha e atrás de um vidro inquebrável para ninguém tocar, dentro de um museu.
E a ideia não é essa. A ideia, ao tornar o Talian patrimônio nacional, é pô-lo de volta nas ruas, nas casas, nos meios de comunicação. É claro que um pouco de pó e de barro ele vai pegar. Mas isso acontece com todas as línguas vivas. Portanto, quanto mais pessoas tiverem interesse, mesmo comercial, em promover e divulgar o Talian, melhor. Elas estarão contribuindo para manter viva essa língua, agora patrimônio de todos, não só dos laboratórios.

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