O Dr. Couty, um francês, esteve no
Rio de Janeiro, trazido por D. Pedro II, para ser professor de “biologia
industrial”. Couty não era apenas um naturalista curioso da flora e fauna
brasileiras: via os recursos biológicos em perspectiva econômica, ou
industrial, como ele denominava seu foco de estudo. Para fazer uma avaliação de
nosso país a esse respeito, percorreu o Brasil de ponta a ponta, do Piauí ao
Rio Grande do Sul.
Nos relatórios que publicou numa
revista francesa, o Dr. Couty faz uma análise detalhada dos hábitos alimentares
do povo: o que se comia e como era preparada a comida. E até mesmo que gosto
tinha, porque o Dr. Couty provou desde o angu e a feijoada, no Norte, até a
carne seca e a erva-mate aqui no Sul.
Surpresa para ele foi descobrir que o
pão não fazia parte dos hábitos alimentares do povo. Os pratos de resistência
eram, pela ordem, o angu, o feijão, a mandioca. Chama a atenção para o fato de
que o Brasil, ao contrário da Argentina, não cultivava o trigo.
O relatório é de 1881, o que
significa que o Dr. Couty não chegou a conhecer o plantio de trigo que começava
nas colônias italianas. O cultivo do trigo foi uma das colunas mestras da
economia local e a introdução do moinho a cilindro, iniciada por Germani,
permitiu que se produzisse farinha de trigo de primeira qualidade no país.
Essa história revela o quanto o sonho
do camponês italiano, que veio para cá sonhando em ter pão branco na mesa, foi
capaz de desenvolver no Brasil uma cultura do pão, que não existia.