segunda-feira, 22 de junho de 2015

SAUDOSISTAS?

A cada vez que se esboça na cidade um projeto, ou uma simples intenção, de preservar algum elemento do patrimônio cultural, seja no plano das coisas materiais, seja das imateriais, não falta quem diga, contrariado: “são uns saudosistas...”.
Saudosismo pode ser uma palavra de conteúdo positivo. Saudade é um sentimento que ninguém contesta. Mas não é com esse significado que são carimbados os que defenderam o Cine Ópera, os que lutam pelo tombamento de prédios e sítios históricos, os que insistem em que a língua Talián volte a ser cultivada, os que querem o desfile da Festa da Uva no seu cenário histórico. Nesses casos, ser chamado de saudosista significa ser acusado de inimigo do progresso. Como se não fosse possível conciliar progresso com respeito ao passado.
O grande mal das inteligências é o maniqueísmo, maneira de  pensar que é  incapaz de cogitar alguma composição de termos opostos, como entre o passado e o presente. Hoje o maniqueísmo é mais conhecido pelo nome de radicalismo, que divide o mundo entre o certo do lado de cá e o errado do lado de lá, como se isso fosse possível.
Gosto de dizer que sou radical somente em um ponto. Sou radicalmente contra os radicalismos de qualquer espécie. Fosse eu radical, diria que os que não aceitam preservar nada do patrimônio do passado são iconoclastas que merecem a fogueira, a mesma em que destroem o patrimônio, como o do Cine Ópera. Mas não sou de extremos. Só defendo que manter a memória do passado é a base da saúde social.

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