segunda-feira, 2 de março de 2015

FORA DOS TRILHOS

A imagem repetida em todos os meios de comunicação, com filas de caminhões, de carretas, de jamantas, de bitrens estrangulando as rodovias e ameaçando estrangular a economia do país, provoca a seguinte pergunta: onde é que foi parar o transporte em cima de trilhos?
O transporte ferroviário nasceu junto com a industrialização, que na Inglaterra começou mais cedo, que chegou à Itália com atraso, provocando a emigração de milhões de pessoas sem trabalho e que no Brasil chegou com maior atraso ainda, há pouco mais de cem anos. Quando a nossa indústria – de metais, de tecidos, de farinha, de vinho - dava os primeiros passos, a estrada-de-ferro veio para dar suporte. Ou foi por causa do muito amor que o governo republicano estendeu trilhos para as colônias italianas?
Veio o governo de Getúlio e o transporte ferroviário se expandiu, com apoio na siderurgia, preço que Getúlio cobrou dos Estados Unidos para entrar na guerra mundial.  Até que chegou um novo modelo, o de Juscelino, que lançou o desafio de fazer o Brasil crescer cinquenta anos em cinco. Esse modelo foi o do transporte rodoviário. O macadame foi coberto de asfalto, as fábricas de caminhões e automóveis foram importadas, o petróleo virou prioridade nacional. Nessa onda até a indústria de Caxias do Sul migrou do ramo metalúrgico para o rodoviário.
Tudo bem, o país avançou. Mas começam a aparecer os engarrafamentos. Primeiro nas ruas das cidades. E agora também nas rodovias. Tudo fora dos trilhos.

E fora dos trilhos parece que não há salvação.

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