domingo, 5 de outubro de 2014

                                               IDOSO VOTANTE
                                                                              José Clemente Pozenato
                O dia das eleições, que costuma receber o apelido de “festa da democracia”, reservou algumas cenas que merecem ainda ser repensadas, em especial no item dos direitos do idoso.
                Certo, a legislação eleitoral retira do idoso a obrigação do voto, mas não retira dele o direito de votar. Alguns poderiam entender, com isso, que se o idoso quer exercer esse direito, que esteja preparado para enfrentar filas e instalações em igualdade de condições com as dos demais votantes. Isto é, sem nenhum direito de preferência.
                Mas também é possível pensar que, se um idoso se dispõe a sair de casa para cumprir esse ato de cidadania, deveria ter essa disposição, se não facilitada, ao menos não dificultada.
                Descrevo aqui apenas duas cenas presenciadas. Numa delas, as seções eleitorais estavam localizadas no alto de uma escadaria, sem rampa de acesso, sem nem ao menos um corrimão. Por alguma razão esses obstáculos à locomoção ainda existem, e não seria o caso de se colocarem urnas no alto desses pináculos.
                A outra cena foi dentro de um colégio, com seções instaladas nos pavimentos superiores. O detalhe é que o colégio conta com elevadores, conforme determina a lei. No entanto, os idosos que chegavam encontraram os elevadores trancados. Emperrados? Não. Trancados a chave. Um fiscal providenciou para que um funcionário os destravasse. Os elevadores subiram. Quando os votantes voltaram para descer, os elevadores estavam novamente com o controle  bloqueado.

                Isso não é bem uma festa de democracia, não é verdade?

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