quarta-feira, 10 de setembro de 2014

INDEPENDÊNCIA

                                                               INDEPENDÊNCIA
José Clemente Pozenato

            Quando aceitei o convite para escrever neste portal da TV Caxias, a primeira coisa que me ocorreu é que, de novo, ia ter de cruzar uma porta desconhecida. A primeira foi a lousa de escrever, na escola, onde era fácil apagar os erros. A seguir veio a promoção para o papel e o lápis, com a borracha como recurso para os erros. Depois, o lápis foi substituído pela caneta e o tinteiro, mata-borrão ao lado: a única correção possível passava a ser então a rasura, o que era feio. O jeito era pensar bem antes de pôr a ideia no papel. A caneta e o tinteiro deram lugar para a caneta-tinteiro, tinta e pena num instrumento só, que se podia levar no bolso. Veio então a segunda grande conquista depois do papel: a máquina de escrever, onde as letras já saiam parecidas com as dos livros.
Mas não terminava aí minha trajetória de aprendiz da escrita. Veio o computador, que não dá a segurança física do papel, mas em compensação elimina de vez a necessidade da borracha, da rasura e do líquido corretor. Fiquei muito tempo diante dessa porta, sem entrar. Então descobri que o computador era só um intermediário para o papel, venci a resistência e passei a usá-lo.
            Agora vou experimentar o que é escrever e ser lido sem o papel de permeio. Está proclamada, portanto, minha independência do papel. Como em qualquer tipo de independência, não é de uma hora para outra que se rompem as amarras. Toda independência precisa ser reaprendida, a cada dia, a cada geração.

            Agora que entrei, o leitor poderá me encontrar aqui todas as segundas-feiras. Até a próxima.

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