INDEPENDÊNCIA
José
Clemente Pozenato
Quando
aceitei o convite para escrever neste portal da TV Caxias, a primeira coisa que
me ocorreu é que, de novo, ia ter de cruzar uma porta desconhecida. A primeira
foi a lousa de escrever, na escola, onde era fácil apagar os erros. A seguir
veio a promoção para o papel e o lápis, com a borracha como recurso para os
erros. Depois, o lápis foi substituído pela caneta e o tinteiro, mata-borrão ao
lado: a única correção possível passava a ser então a rasura, o que era feio. O
jeito era pensar bem antes de pôr a ideia no papel. A caneta e o tinteiro deram
lugar para a caneta-tinteiro, tinta e pena num instrumento só, que se podia
levar no bolso. Veio então a segunda grande conquista depois do papel: a
máquina de escrever, onde as letras já saiam parecidas com as dos livros.
Mas não
terminava aí minha trajetória de aprendiz da escrita. Veio o computador, que
não dá a segurança física do papel, mas em compensação elimina de vez a
necessidade da borracha, da rasura e do líquido corretor. Fiquei muito tempo diante
dessa porta, sem entrar. Então descobri que o computador era só um
intermediário para o papel, venci a resistência e passei a usá-lo.
Agora
vou experimentar o que é escrever e ser lido sem o papel de permeio. Está
proclamada, portanto, minha independência do papel. Como em qualquer tipo de
independência, não é de uma hora para outra que se rompem as amarras. Toda
independência precisa ser reaprendida, a cada dia, a cada geração.
Agora
que entrei, o leitor poderá me encontrar aqui todas as segundas-feiras. Até a
próxima.
Lindo texto!
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